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A Anatomia Moral do Coração Humano

Reflexões entre J. C. Ryle e o Mundo Contemporâneo (2025)


Resumo

Este artigo analisa a atualidade da reflexão teológica de J. C. Ryle em Um Coração Mau, relacionando sua leitura sobre a corrupção do coração humano com acontecimentos sociais, políticos e tecnológicos de novembro de 2025. Discute-se como o diagnóstico Ryleano permanece relevante diante das crises éticas contemporâneas, da manipulação digital, da fragmentação emocional e da instabilidade moral das instituições. O estudo articula o texto clássico com fenômenos modernos, demonstrando que a raiz das rupturas sociais não está nos sistemas, mas no interior humano. Conclui-se que, apesar dos avanços, a humanidade continua enfrentando o mesmo dilema espiritual: a necessidade de transformação do coração como fundamento para qualquer mudança duradoura no mundo.


Palavras-chave:

Coração humano; Ética contemporânea; J. C. Ryle; Teologia e sociedade; Modernidade digital; Corrupção moral.


Abstract


This article examines the contemporary relevance of J. C. Ryle’s theological reflection in A Bad Heart, connecting his analysis of human moral corruption to political, social and technological events reported in November 2025. Discusses how Ryle’s diagnosis remains strikingly accurate amidst modern ethical crises, digital manipulation, emotional fragmentation and institutional instability. By linking the classical text with present global phenomena, the research argues that the root of societal breakdowns lies not in external systems but within the human heart. The conclusion affirms that, despite remarkable advancements, humanity still faces the same spiritual dilemma: the urgent need for inner transformation as the foundation for any lasting change in the world.


Keywords:

Human heart; Contemporary ethics; J. C. Ryle; Theology and society; Digital modernity; Moral corruption.


Justificativa


A escolha de analisar o pensamento de J. C. Ryle em diálogo com o cenário mundial de novembro de 2025 nasce da percepção de que a modernidade, mesmo sustentada por grandes avanços tecnológicos e informacionais, ainda se depara com crises éticas que transcendem explicações puramente sociológicas ou econômicas. A corrupção moral, a instabilidade emocional e a manipulação digital revelam fragilidades profundas que não podem ser reduzidas a fatores externos. Assim, recorrer ao diagnóstico espiritual do coração humano, proposto por Ryle, oferece uma chave interpretativa que ilumina tanto o indivíduo quanto as estruturas sociais.


A pertinência deste estudo está no fato de que, em um mundo saturado de dados, análises rápidas e discursos fragmentados, torna-se urgente recuperar leituras que dialoguem com a interioridade e revelem as raízes profundas das ações humanas. A obra Um Coração Mau não apenas denuncia a torção moral presente em todos, mas também aponta caminhos de restauração que transcendem a moralidade superficial. Diante disso, este artigo se justifica como contribuição teológica, sociológica e ética, oferecendo uma leitura que une tradição e contemporaneidade em uma reflexão crítica e sensível sobre o ser humano.


Metodologia


A metodologia adotada para este estudo combina análise textual, interpretação teológica, leitura crítica de acontecimentos contemporâneos e cruzamento interdisciplinar entre teologia, ética e sociedade.


1. Análise documental:

Utilizou-se o texto integral do e-book Um Coração Mau, em especial suas citações diretas, para construir uma interpretação fiel ao pensamento original de J. C. Ryle.



2. Método exegético-teológico:

O estudo buscou compreender o conceito bíblico de “coração” a partir das categorias teológicas de Ryle, identificando sua relação com passagens como Jeremias 17:9–10 e textos paralelos.



3. Abordagem hermenêutica contemporânea:

Fenômenos de novembro de 2025, manipulação algorítmica, escândalos políticos, crimes cibernéticos e tensões sociais, foram utilizados como material comparativo para evidenciar a atualidade do diagnóstico Ryleano.



4. Análise sociocultural:

Textos jornalísticos, colunas de opinião e relatórios publicados no período serviram como lente para observar o comportamento coletivo em contraste com a leitura do coração humano apresentada por Ryle.



Introdução


Em um mundo marcado por avanços tecnológicos extraordinários e, ao mesmo tempo, por rupturas éticas cada vez mais profundas, a humanidade parece caminhar entre luzes e sombras. Novembro de 2025 expôs com clareza essa contradição: enquanto celebrávamos novas conquistas digitais, assistíamos também ao agravamento de crises morais, à manipulação informacional em larga escala, à instabilidade emocional coletiva e ao colapso de narrativas que antes sustentavam confiança social. Diante desse cenário, torna-se evidente que a fragilidade contemporânea não decorre apenas de falhas sistêmicas, mas de algo mais antigo, mais silencioso e mais estrutural: o coração humano.


É nesse ponto que o sermão clássico de J. C. Ryle, Um Coração Mau, ganha surpreendente atualidade. Ao afirmar que “enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso”, Ryle não descreve apenas um problema espiritual individual, mas uma condição universal que atravessa séculos, culturas e sistemas sociais. Seu diagnóstico, duro, direto, desconfortável, revela que toda crise externa nasce de uma crise interna; que toda desordem pública é reflexo de uma desordem particular. Nesse sentido, a obra do autor não funciona apenas como leitura teológica, mas como chave interpretativa para compreender fenômenos contemporâneos.


Este artigo busca, portanto, investigar a relevância do pensamento Ryleano no contexto atual, analisando como sua crítica à corrupção do coração humano dialoga com os acontecimentos mais marcantes de novembro de 2025. Ao entrelaçar teologia, sociologia, ética digital e espiritualidade, propõe-se compreender por que, mesmo diante de ferramentas sofisticadas e sistemas complexos, continuamos convivendo com fraquezas morais tão semelhantes às de séculos passados. Mais ainda: pretende-se mostrar que, se a modernidade amplia a visibilidade dos erros humanos, não necessariamente aumenta nossa capacidade de discerni-los ou corrigi-los.


Nessa reflexão, o texto permite não apenas descrever o mundo, mas também escutá-lo; não apenas analisar os fenômenos, mas interpretá-los à luz de uma interioridade que insiste em ser ignorada. Assim, ao aproximar Ryle do nosso tempo, este estudo evidencia que a raiz das crises não está na tecnologia, nos governos ou nas estruturas, mas no interior humano que as produz. E, como Ryle adverte, nenhum avanço exterior será suficiente enquanto a transformação não começar no lugar onde todas as histórias se originam: o coração.



  1. A centralidade do coração humano na leitura de Ryle


Para Ryle, o coração não é uma metáfora suave da interioridade humana; é um diagnóstico clínico-espiritual da condição caída. Ele insiste na força do texto bíblico e confronta nossa tendência moderna de suavizar a própria autoimagem:


“'Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas’, diz nosso texto. ‘O coração é perverso’, diz nosso texto… Ó, que o Espírito Santo possa trazer muitos de vocês ao entendimento correto dos seus próprios corações!”


O autor insiste que a Escritura não apenas descreve o coração, mas o expõe, removendo “as frágeis coberturas que orgulho e vaidade lançam” sobre nossa disposição natural. Na perspectiva de Ryle, a maldade não é um desvio raro, mas um princípio ativo que permeia a humanidade:


“O caráter do homem natural é em todo lugar descrito nas mesmas cores – é todo negro, muito negro.”


Essa visão não é pessimista; é realista. Para ele, somente quando o ser humano reconhece a torção de seu próprio interior é que se abre a possibilidade de reorientar suas ações e desejos.


  1. A atualidade do diagnóstico: o coração humano em 2025


Se considerarmos o cenário global de Novembro de 2025, escândalos políticos que explodiram simultaneamente em países europeus e sul-americanos; o colapso moral de nomes influentes do mercado financeiro; o aumento de casos de crimes digitais envolvendo manipulação psicológica e extorsão emocional; além da nova onda de violência urbana registrada em diversas capitais, percebemos uma repetição quase literal do que Ryle descreveu no século XIX.


Enquanto alguns analistas insistem em explicações econômicas, tecnológicas ou sociológicas, o e-book aponta para uma raiz mais profunda:


“Desde que cada jornal contém registros de crimes… desde que cadeias e prisões estão cheias… eu declararei que a única razão possível é a simples descrição do meu texto: ‘O coração natural de cada homem é enganoso acima de todas as coisas e perverso.’”


Ryle escreveu isso em um mundo sem internet, sem redes sociais, sem deepfakes, sem geopolítica globalizada. Ainda assim, parece que falava exatamente sobre nós.

O que vemos em Novembro de 2025 não são apenas eventos isolados, mas manifestações modernas da mesma inclinação mencionada por ele: a facilidade humana de se deixar guiar pelo ego, pelo poder, pela vantagem pessoal. A crítica do bispo ecoa na sociedade digital, tão hábil no discurso moral quanto lenta na conversão do caráter:


“O homem, tão sábio… parece um tolo em matéria do mundo porvir."


Essa frase, quando lida à luz dos acontecimentos atuais, especialmente os escândalos envolvendo uso antiético de IA nas eleições de 2025 e a tensão entre privacidade e manipulação informacional, revela um espelho desconfortável. Somos tecnicamente capazes e moralmente frágeis.


  1. Entre a modernidade e a velha natureza: tensões que não se dissolvem.


A revolução tecnológica de 2025 tenta reformar comportamentos por meio de políticas públicas, sistemas de vigilância e educação emocional. Entretanto, Ryle lembra que nenhuma estrutura externa é suficiente para domesticar a interioridade humana:


“Boa educação e bom exemplo não podem sozinhos tornar bons os filhos dos santos sem a graça de Deus.”


Esse argumento contrasta com iniciativas contemporâneas que apostam exclusivamente em reeducação comportamental e maior controle estatal para prevenir corrupção e violência. O que vemos, contudo, é que mesmo sociedades com forte regulação, como registraram as manchetes internacionais em 2025, ainda sofrem com ataques cibernéticos feitos por funcionários internos, desvio de recursos em instituições teoricamente blindadas e colapsos éticos em ambientes altamente sofisticados.


A tecnologia avança… mas o coração permanece o mesmo. O mesmo Ryle insiste:


“O grande inimigo está sempre dentro de nós.”


E 2025 parece comprovar, mais uma vez, a atualidade desse diagnóstico.


  1. A tensão entre consciência moral e autodecepção na sociedade contemporânea


O século XXI sofisticou a linguagem moral, mas não o coração humano. Vivemos um tempo em que discursos éticos se multiplicam e, ao mesmo tempo, comportamentos contraditórios se intensificam. As manchetes de novembro de 2025 expuseram isso com clareza: líderes defendendo transparência enquanto ocultavam dados, celebridades discursando sobre responsabilidade emocional enquanto eram flagradas em condutas abusivas, empresas que pregavam sustentabilidade enquanto desviavam recursos destinados à preservação ambiental. Essa duplicidade não é nova. Ryle observa que o ser humano sempre se viu capaz de justificar-se, mesmo quando sua prática desmente suas palavras:


“Qual é a razão para que muitos façam uma grande profissão, e tentem enganar os ministros, como se Deus não visse tudo?”


A autodecepção, essa capacidade de ver os próprios erros como pequenos, aceitáveis, justificáveis, é, segundo ele, um traço intrínseco da natureza humana. O problema não é apenas moral; é espiritual, psicológico e existencial. A crítica se torna ainda mais atual quando pensamos na dinâmica contemporânea das redes sociais, onde a autopromoção encobre falhas internas, e a busca por aprovação frequentemente supera o compromisso com a verdade.


Ryle antecipa essa lógica quando afirma:


“O mais ridículas, as mais insignificantes desculpas parecem satisfazê-los…”


O ser humano usa máscaras morais, e as notícias recentes mostram isso com clareza quase dolorosa. A sociedade de 2025 não se tornou imoral por causa da tecnologia; ela apenas tornou a imoralidade mais visível, mensurável, documentada.


  1. Implicações teológicas para a vida pública em 2025


O diagnóstico de Ryle não é apenas individual; ele tem implicações diretas sobre a dinâmica coletiva. Quando o autor afirma que "o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para fazer o mal”, ele não descreve apenas indivíduos isolados, mas estruturas sociais que nascem da soma de indivíduos igualmente inclinados.


Em novembro de 2025, vimos governos inteiros questionados pela opinião pública, investigações sobre desvios em fundos internacionais e discussões acaloradas sobre a ética da Inteligência Artificial, especialmente após denúncias de manipulação algorítmica em plataformas que influenciaram decisões eleitorais em três continentes. Esses fenômenos demonstram que a corrupção do coração repercute na corrupção das instituições. E Ryle já antecipava essa formação do mal social:


"Desde que cadeias e prisões estão cheias… desde que homens fazem um deus do dinheiro… eu declararei que a única razão possível… é o coração natural do homem.”


Sua afirmação parece escrita para o mundo pós-digital, onde crimes não se limitam mais ao espaço físico, mas se reinventam nos ambientes virtuais: sequestro de dados, fraudes sensoriais, manipulações informacionais, golpes afetivos através de IA conversacional. O mundo moderno sofre não porque carece de leis, mas porque carece de integridade.


Ryle, ao insistir que Deus “esquadrinha o coração” e que a justiça divina alcançará “cada um segundo os seus caminhos”, coloca a vida pública sob um juízo espiritual inevitável. Se o coração é a matriz da ação, então qualquer reforma social precisa começar pela interioridade. Nenhuma legislação, por mais avançada, consegue tornar puro aquilo que espiritualmente continua obscurecido. E novembro de 2025 nos ensinou isso, mais uma vez.


  1. Caminhos de restauração segundo Ryle: entre graça e responsabilidade


A profundidade da análise de Ryle não termina no diagnóstico. Se ele expõe a condição humana com severidade, também a encaminha para uma possibilidade real de restauração. Ele afirma com clareza:


“Apesar de seus corações serem enganosos… eu digo que Deus lhes ama excessivamente.”


Essa combinação, verdade e graça; diagnóstico e remédio, é o que sustenta a esperança no pensamento Ryleano. Para ele, nenhuma transformação é duradoura se não nascer de dentro, pelo encontro com Cristo, pelo arrependimento e pela fé. Ele declara:


“Arrependa-se e creia, e Deus os lavará no sangue da cruz, e fará como se fossem novos…”


A restauração do coração humano não é apenas possível; é necessária para a saúde individual e coletiva. E essa proposta teológica ressoa em 2025, quando percebemos que tecnologias avançadas, políticas públicas modernas e programas educacionais sofisticados ainda falham em resolver a raiz dos problemas humanos. Ryle afirma que, sem mudança interior, o ser humano permanece como alguém que brinca com destruição:


“Vocês são como crianças brincando com uma navalha…”


A imagem é poderosa: o ser humano moderno, mesmo cercado de conhecimento, manipula forças que não está moralmente preparado para manejar. Essa é uma descrição precisa da sociedade do final de 2025, especialmente diante das tensões éticas envolvendo armas autônomas, manipulação genética e inteligência artificial avançada, temas recorrentes nas discussões internacionais do mês. A proposta de Ryle não é retrógrada; é profundamente atual, transformações externas são frágeis quando o coração permanece intacto.


  1. O coração como território de disputa: sociologia, teologia e 2025


A leitura de Ryle dialoga naturalmente com sociólogos contemporâneos que, em novembro de 2025, trouxeram análises contundentes sobre crises éticas globais. Em diversos editoriais internacionais, especialistas defenderam que o grande problema não é a falta de informação, mas a falta de caráter. Ryle antecipa esse argumento ao dizer:


“O grande inimigo está sempre dentro de nós.”


A disputa moral do nosso tempo não é apenas cultural; é existencial. E as notícias mais dramáticas do mês, conflitos motivados por ódio, crimes passionais, ataques cibernéticos feitos por jovens altamente instruídos, revelam que a educação, embora essencial, não resolve tudo. A sociedade forma competências, mas não necessariamente virtudes. E aqui Ryle se torna até profético:


“É impossível considerar… a variedade de formas que a lei de Deus é continuamente quebrada… e não enxergar a prova de que o coração natural é enganoso.”


Assim, o que 2025 revela é a permanência do conflito mais antigo da humanidade: a luta contra si mesma.



  1. A crítica de Ryle diante da ética digital e da nova psicologia das massas (2025)


A modernidade digital criou novos espaços de interação e conflito, mas não criou um novo coração. O fenômeno das massas, que antes se movia pelas ruas, pelos estádios, pelas assembleias, agora se estende pelo ambiente virtual, onde milhões se conectam em instantes, amplificando paixões, polarizações e impulsos.


Em novembro de 2025, assistimos a episódios de manipulação em larga escala: contas automatizadas influenciando debates públicos, deepfakes de políticos e líderes religiosos circulando antes de eleições regionais, algoritmos obscurecendo conteúdos críticos enquanto promoviam desinformação emocionalmente apelativa. Analistas chamaram isso de o colapso da confiança no ambiente cognitivo. Contudo, para Ryle, essa crise não nasce da tecnologia, mas da motivação humana:


“Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem.”


Ryle escreveu isso olhando para o coração; nós o lemos olhando para a internet. A distância histórica não anulou a semelhança moral. A “psicologia das massas digitais”, termo repetido em artigos de opinião ao longo de 2025, revela o quanto o indivíduo, quando protegido pelo anonimato, revela partes do caráter que jamais assumiria publicamente. E isso confirma o que Ryle já denunciava:


“O grande inimigo está sempre dentro de nós.”


As plataformas não criam ódio; apenas o amplificam. Não criam mentira; apenas as potencializam. Não fabricam maldade; apenas oferecem novos caminhos para que ela se expresse com mais velocidade. O coração que Ryle denuncia, enganoso, dúbio, autocentrado, encontra na tecnologia um espelho que devolve não apenas nossa imagem, mas nossa essência. Assim, a ética digital se torna não apenas um campo jurídico, mas espiritual. O problema não está na arquitetura das redes, mas na arquitetura moral daqueles que as habitam.


  1. A espiritualidade como contracorrente em tempos de hiperinformação.


Em um mundo onde o excesso de dados se tornou quase um ruído permanente, a espiritualidade aparece como uma contracorrente necessária, não como fuga, mas como reencontro. Ryle entendia a espiritualidade não como ferramenta utilitária, mas como encontro transformador:


“Deus os lavará no sangue da cruz, e fará como se fossem novos…”


Essa renovação não acontece por esforço humano, nem por mera disciplina intelectual. Ela é um toque que atravessa a superfície dos comportamentos e toca o núcleo da identidade. Em novembro de 2025, enquanto o mundo debatia novos protocolos de segurança digital, líderes civis e educacionais discutiam saúde mental em meio ao colapso informacional. Estratégias se multiplicaram: detox digital, regulamentação de notificações, campanhas de consumo consciente de mídia.


Todas válidas.

Todas necessárias.

Mas nenhuma delas suficiente.


Ryle antecipa esse limite quando afirma:


“Boa educação e bom exemplo não podem sozinhos tornar bons os filhos dos santos…”


Essa afirmação, lida à luz das crises emocionais e dos distúrbios psicológicos registrados ao longo de 2025, lança um alerta:


O que falta ao homem moderno não é apenas organização mental; é redenção interior.


A espiritualidade, aqui, não é um ornamento, mas uma âncora. Sem ela, o indivíduo flutua entre estímulos, opiniões, impulsos e tensões, como alguém tentando caminhar sobre um chão que se move continuamente. E, para Ryle, esse chão só se estabiliza quando o coração é transformado.


  1. O diagnóstico Ryleano diante das enfermidades emocionais contemporâneas


O ano de 2025 apresentou índices elevados de transtornos emocionais, ansiedade, impulsividade, colapso afetivo e dificuldade de autorregulação, fenômenos frequentemente interpretados como puramente psicológicos. Mas Ryle amplia o horizonte ao mostrar que o emocional e o espiritual não se separam. Quando descreve a profundidade da corrupção humana, ele não fala apenas do mal moral, mas do desajuste integral do ser:


"Vocês nunca serão completamente convencidos até que saibam que a raiz e origem de tudo isto está dentro de vocês, nos vossos próprios corações.”


Segundo Ryle, a alma não sofre apenas porque é frágil, sofre porque é desalinhada.

A queda não destruiu apenas a moralidade humana; desordenou também seus afetos, seus desejos, sua capacidade de estabilidade interior. Nesse sentido, muitas das dores emocionais de 2025, a instabilidade, a ansiedade massiva, o medo da exposição e o esgotamento diante do excesso de estímulos, podem ser interpretadas como sintomas de uma alma que perdeu seu eixo.


Ryle não despreza a dor humana, mas a ilumina. Ele afirma que a fragilidade emocional não é apenas circunstancial, mas estrutural:


“Os mais santos de Deus nunca perceberam completamente a extrema pecaminosidade do velho homem que estava neles.”


A dor, nesse sentido, não é apenas sofrimento, mas revelação. Ela revela o quanto precisamos de restauração, e o quanto a restauração deve começar onde a dor nasce: no coração.


  1. Um mundo que mede tudo, mas não se mede a si mesmo


Novembro de 2025 consolidou uma tendência que se intensificou ao longo da década: a explosão de métricas. Medimos passos, calorias, produtividade, humor, sono, engajamento, alcance, impacto, relevância.


Tudo pode ser mensurado.

Exceto aquilo que mais importa.


Ryle levanta uma pergunta que ecoa como denúncia:


“O que tens tu a dizer, por que estas coisas não te condenariam?”


O mundo moderno se especializou em mensurar o externo e negligenciar o interno.

Medimos resultados, mas não intenções. Métricas de desempenho, mas não de consciência.


Engajamento, mas não caráter.


Esse desequilíbrio gera um paradoxo profundo, o ser humano conhece o mundo, mas não se conhece. E essa ignorância de si mesmo, amplamente comentada nos debates acadêmicos de novembro de 2025 , é a raiz dos erros que se repetem em ciclos históricos.


Ryle já havia identificado isso:


“Não é possível conhecer a si mesmo sem compreender a extrema pecaminosidade do próprio coração.”


Assim, enquanto o mundo celebra eficiência, produtividade e inovação, continua cego para a dimensão mais profunda da existência. E é nessa cegueira que erros antigos reaparecem com novas roupagens.


Conclusão


Num tempo em que a humanidade celebra seus avanços, mas tropeça sempre nos mesmos abismos morais, o pensamento de J. C. Ryle permanece como uma convocação necessária. Suas palavras atravessam fronteiras históricas e se instalam no coração do século XXI, oferecendo uma leitura que não perde força, mesmo diante de algoritmos, inteligências artificiais e ecossistemas digitais que moldam emoções e decisões. A modernidade, apesar do seu brilho, ainda não conseguiu responder à mais antiga das questões: por que repetimos erros que conhecemos tão bem?


Ao expor a anatomia moral do ser humano, Ryle desmonta nossas ilusões. Ele declara sem suavidade que “o coração natural de cada homem é enganoso acima de todas as coisas e perverso”, e essa afirmação, que poderia soar antiquada, encontra eco nos acontecimentos de novembro de 2025, quando sociedades inteiras testemunharam crises éticas, manipulações informacionais, colapsos institucionais e descontrole emocional amplificado pela hiperinformação.


O artigo buscou mostrar que, apesar das mudanças estéticas do mundo, novas tecnologias, novos conflitos, novos discursos, a raiz permanece a mesma. O coração humano continua a ser território de contradições profundas, carregando simultaneamente capacidade criativa e inclinação destrutiva. E nenhuma ferramenta moderna, por mais sofisticada, é capaz de curar aquilo que nasceu ferido desde dentro.


Ryle não apresenta apenas o diagnóstico; ele anuncia o remédio. Ele afirma que Deus “fará como se fossem novos” aqueles que se rendem ao arrependimento e à fé. A esperança cristã, na visão do autor, não elimina a gravidade do diagnóstico, mas o ultrapassa. A restauração do coração é possível, mas não pela força humana, apenas pela ação do Espírito que transforma a estrutura interna, reordena afetos e realinha desejos.


Assim, a leitura Ryleana, quando posta diante do mundo contemporâneo, não é apenas crítica: é convite. Um convite para ver além das crises do século, além das tensões sociais, além da estética da modernidade que tenta esconder fragilidades antigas. Um convite para olhar para dentro, não como quem busca justificativas, mas como quem reconhece a verdade. Um convite para reconstruir a vida na direção de uma ética que não nasce da conveniência, mas da conversão.


Concluímos, portanto, que a obra Um Coração Mau permanece atual não porque descreve o passado, mas porque descreve a nós mesmos. E, ao fazê-lo, ilumina o caminho estreito, porém firme, da transformação interior que pode conduzir, finalmente, a novos modos de vida, novas relações, novas possibilidades. Em um mundo fragmentado, onde a tecnologia amplifica virtudes e vícios, a mensagem de Ryle torna-se ainda mais urgente: não existe sociedade justa onde o coração humano permanece injusto; não existe futuro pacificado enquanto o interior do ser humano permanece em guerra.



É na profundidade desta compreensão, e na sinceridade de quem ousa olhar para si mesmo, que nasce a verdadeira reconstrução moral e espiritual. E talvez seja esse o chamado mais precioso que herdamos ao cruzar Ryle com o tempo presente: a coragem de permitir que a verdade transforme aquilo que o mundo inteiro tenta apenas maquiar.


REFERÊNCIAS


REFERÊNCIAS JORNALÍSTICAS

NOVEMBRO 2025


1. Escândalo de corrupção na Ucrânia (Energoatom, US$ 100 milhões)


REUTERS. Ukraine charges seven in $100 million energy graft scandal. 11 nov. 2025.


2. Repercussão internacional: União Europeia preocupada com a corrupção ucraniana


THE WASHINGTON POST. EU members fear corruption scandal could weaken aid efforts to Ukraine. 14 nov. 2025.

Disponível em:


3. Operação Midas: Prorrupção sistêmica no setor energético da Ucrânia


WIKIPEDIA. Operation Midas. Atualizado em nov. 2025.

Disponível em:


4. Corrupção nas Filipinas (enchentes e desvio de verbas públicas)


ASSOCIATED PRESS. Powerful politicians will be in jail by Christmas for corruption scandal, Philippine president says. 17 nov. 2025.

Disponível em:


5. Corrupção sistêmica (“State capture”)


THE GUARDIAN. Forget petty bribes, 'state capture' is corruption so deep it is shaping the rules of democracy itself. 4 nov. 2025.

Disponível em:



6. Desinformação e IA: Campanha global contra manipulação digital


ANJ – Associação Nacional de Jornais. ANJ endossa campanha global pelo jornalismo e contra a desinformação via IA. 2025.

Disponível em:


7. Manipulação digital e deepfakes ultrarrealistas – impacto no Brasil


O GLOBO. Manipulação digital e deepfake ultrarrealista eleva preocupação com eleição e desafia fiscalização para 2026. 2025.

Disponível em:


8. Fake news, erro informacional e manipulação midiática


OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA. Erro, manipulação e fake news: desafios contemporâneos da informação. 2025.

Disponível em:


9. Integridade pública no Brasil – relatório oficial da OCDE


OCDE. Revisão de Integridade da OCDE sobre o Brasil 2025. Paris: OECD Publishing, 2025.

Disponível em:


Referências bíblicas


RYLE, John Charles. Um Coração Mau. Projeto Ryle. Tradução: Israel Alves. Revisão: Armando Marcos. Disponível em: https://livros.gospelmais.com/files/livro-ebook-um-coracao-mau.pdf

Acesso em: 17 nov. 2025.


BÍBLIA. Português. Almeida Revista e Atualizada. Sociedade Bíblica do Brasil.




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